Que a era da informática chegou pra ficar isso ninguém contesta, nem mesmo reclamamos. O progresso é bom, mas cobra seus preços. Um deles é a caligrafia. Cada vez é mais difícil ver um jovem realmente com boa caligrafia. Isso se deve em parte, pela caligrafia ser um exercício motor, que precisa de repetição. Como boa parte do que redigimos hoje é feito através do computador, tablete ou smartphone, a escrita é relegada a momentos específicos e é justamente nesses momento, quando precisamos, que ela nos falta. Seja para a alfabetização de uma criança ou mesmo de um adulto, seja por que você, cedo ou tarde, irá precisar dela para fazer uma prova de concurso, um vestibular ou o ENEM.
Durante toda a minha vida sofri com uma letra não muito boa. Não era a pior, mas estava longe de ser aquela letra que todos admiravam. E por anos tentei conseguir esta letra ótima, mas como passei mais tempo da minha vida em uma sala de aula, do que em casa com calígrafos e penas, eu acabei desenvolvendo mais uma letra funcional do que uma letra bonita. E quando falo letra funcional o digo pelo fato de que o objetivo dela é de ser lida com clareza e não de enfeitar algo. Por isso os muitos cursos de caligrafia artística que fiz, em quase nada me ajudaram na hora de tomar nota em uma aula com rapidez. E reparto com você sete dicas simples, que fui colhendo ao longo dos anos e que farão sua caligrafia se tornar funcional, como a minha, e permitir que você possa aliar legibilidade com velocidade.
1. Materiais corretos.
Nada adianta você ter aquela Mont Blanc de centenas de dólares se ela não se adaptar a sua escrita ou mesmo que você não seja capaz de mantê-la para que possa acostumar-se com o material. Procure uma caneta ou mesmo um lápis ou lapiseira que se adapte a sua maneira de segurar, e que flua sem problemas, sem ter que lutar muito com ela e com o papel.
Depois de encontrar o material de escrita de sua preferência, gaste um tempo com ele. Use bastante a ferramenta até que você explore todas as suas possibilidades, só então experimente outros tipos, espessuras e meios de transferência de tinta diferentes. Se você for canhoto, uma coisa que deve se preocupar é com o tempo que a tinta seca, canetas tinteiro demoram um pouco na secagem, o que pode causar manchas no papel, mãos e roupas.
A escolha do papel segue a mesma lógica. Há quem se adapte melhor a cadernos tradicionais, outros a notebooks lisos, outros a fichários, fichas ou mesmo folhas soltas. Outra coisa é o ângulo com que você apoia o braço em relação ao papel.
Por último não abra mão de um lugar onde possa se sentar de modo confortável e com iluminação boa.
2. Aquecimento
Aquecer é uma obrigação caso você for escrever por longos períodos - acima de 10 minutos. Mas aquecer no caso da caligrafia é mais do que isso, é prevenção de doenças no pulso, dedos, tendões e músculos.
Mas além deste aquecimento fisiológico (em breve trarei dicas de uma fisioterapeuta) você tem que aquecer a mente. O cérebro precisa saber que executará esta tarefa e para isso existem alguns exercícios que em breve poso aqui.
3. Postura
Sentar-se direito é tão importante quanto o item dois, mas é bem mais difícil de mantê-lo. Pois os nossos anos e anos de sofá e tv nos acostumaram a sentarmos de qualquer maneira, isso prejudica a caligrafia, mas pior prejudica a coluna, e no longo prazo pode trazer sérias doenças caras e difíceis de serem tratadas.
4. Grip.
A maneira como seguramos a caneta faz toda a diferença. Lembre-se que essas dicas são para você se libertar de dogmas, daquilo que fizeram você acreditar na infância, pois segurava a caneta desta ou daquela maneira. Existem formas que são melhor para uma maioria, mas que não pode ser a certa pra você, minha única dica aqui é: não enforque a coitada da caneta ou o coitado do lápis, eles não fizeram nada a você, segure-os com calma e bem relaxado, firme, mas sem fazer força o suficiente para em pouco tempo seus dedos estejam doendo.
Segurar a caneta ou o lápis mais perto da ponta, costuma funcionar, mas não deve ser, repito, com muita força - seu aperto deve ser somente de suporte, mas sem a tensão desnecessária. Não aperte a caneta porque isso só vai tornar a te causar cãibras.
5. Mova-se como um pugilista
A maioria das pessoas julgam que escrever é um movimento de dedos. Enganam-se. Talvez essa seja a melhor das dicas.
Mover os dedos é"desenhar" as letras, por isso as pessoas que tem aquelas letras redondinhas tão bonitas escrevem tão devagar. Artistas da caligrafia e profissionais, de um modo geral, movimentam os pulsos. Se você quer velocidade e uma letra funcional cursiva, você precisará movimentar o pulso e o braço.
Uma vez que você invista um pouco de tempo para se acostumar com esta forma de escrita, os seus dedos vão aquietar-se, permitindo que o seu antebraço oriente a caneta e seu ombro empurre o seu antebraço levemente no papel de um estilo muito mais simples, leve e relaxado.
6. Nem velozes, nem furiosos, mas também não tão pouco.
As pessoas, principalmente em salas de aulas e exames, querem escrever rápido, mas muito rápido. Se você se inscrever em um curso de caligrafia artística, o que eu não recomendo a menos que você queira fazer arte e não anotações, você verá que o importante é fazer bem feito. No nosso caso, no dia dia eu vou te dar a dica de 1 milhão de dólares: troque velocidade pelo ritmo!!!! Descubra o seu ritmo de escrita. Perceba quantas sequências de letras você consegue ligar sem perder o ritmo. Mas ainda no mundo musical, ao achar seu ritmo você poderá aumentar seu andamento, até chegar num ponto ótimo de desenvoltura que te permitirá escrever de modo fluido e não de modo rápido. Lembre-se velocidade é uma variável em função de duas grandezas: espaço e tempo. Logo você precisa manter o espaçamento para dar beleza harmônica a letra, o que a tornará mais ritmada.
7. Prática, prática, prática!!!
É muito importante que você se dê conta que caligrafia é exercício, é motor, é repetição. Mas vou te dar uma outra dica valiosa, pratique caligrafia o dia todo, gastando apenas 15 minutos de treino. Parece estranho, mas é possível. Separe 15 minutos do seu dia para praticar com um método, em breve disponibilizarei um para vocês. Ou seja, você vai sentar-se e por 15 minutos irá praticar caligrafia. Mas como isso cobre o dia todo.
A receita é, em toda oportunidade que tiver escreva, tome notas em um bloco pequeno levado o seu bolso, qualquer coisa que tenha que anotar faça escrevendo. quando estiver sem poder escrever com as mãos faça com a mente, se imagine escrevendo e faça com as mãos, como se fosse um maestro, desenhos no ar escrevendo em um papel imaginário. Isso é poderosos demais e é usado por pilotos de fórmula 1 que percorrem o circuito na mente, dirigindo imaginariamente para poder ajustar o que o cérebro irá responder para cada gesto controlando a musculatura.
Bem fico por aqui. Leia, releia e compartilhe.
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